Hidrogênio Renovável – H2R
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O que é
O hidrogênio renovável é o hidrogênio produzido com baixas emissões de gás carbônico (CO2). Sua característica renovável é cada vez mais importante devido às metas de redução desse gás.
Como é produzido
Algumas técnicas ou rotas podem ser utilizadas na produção do H2 Renovável, como por exemplo, a reforma do gás natural, a eletrólise (uma rota tecnologicamente mais madura, mas que enfrenta desafios de infraestrutura elétrica e escala para projetos da ordem de GW) e rotas biológicas que utilizam biomassa residual, etanol, entre outras alternativas.
Como tem sido utilizado
O hidrogênio se destaca como um recurso energético extremamente versátil, sendo usado na síntese de Combustíveis Avançados de Segunda Geração, tais como SAF e Methanol, ultrapassando sua função convencional na geração de energia.
No âmbito comercial, observa-se um amadurecimento notável, marcado pela compreensão de que o hidrogênio pode desempenhar um papel estratégico no impulsionamento da indústria nacional, indo além de ser simplesmente comercializado como uma commodity.
Observa-se um crescente reconhecimento do papel crucial do hidrogênio na descarbonização de setores altamente emissores de CO2, como a produção de aço, combustível de aviação, indústria alimentícia, amônia, ureia (insumo agrícola), entre outros.
Benefícios do seu uso
Sua relevância aponta para uma perspectiva fundamental na neoindustrialização, ao ser incorporado como insumo para produtos ambientalmente sustentáveis. Essa mudança de perspectiva foi inicialmente percebida como alternativa aos desafios logísticos do transporte do hidrogênio, considerando sua volatilidade e instabilidade, o que representa um desafio tecnológico relevante, especialmente no contexto da exportação.
Em alguns países, como a Alemanha, a opção é adquirir o produto final devido às complexidades do transporte.
No contexto brasileiro, onde apenas 3% da biomassa produzida é aproveitada, surgem oportunidades significativas para a utilização de resíduos da produção agrícola e biogás proveniente dos rejeitos dos rebanhos.
Além disso, o hidrogênio apresenta uma aplicação inovadora na produção de Combustíveis Avançados por síntese, capturando carbono durante o processo. Essa abordagem tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de carbono, resultando em emissões negativas de CO2 e atendendo à necessidade de diminuir esse gás na atmosfera.
Legislação
Atualmente, a Lei nº 14.948/2024 regula a produção do H2R no Brasil. Ela estabelece conceitos e definições, define instrumentos da Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, regula a produção, certificação e incentivos, dentre outros.
Algumas empresas já expressam seus posicionamentos em ampliar as opções de produção de hidrogênio renovável, além da eletrólise, destacando a reforma catalítica do biogás ou biometano, a reforma catalítica do etanol e a pirólise de biomassas.
Essas rotas são consideradas bastante relevantes para o Brasil em todas as regiões.
A biomassa é uma rota promissora para a produção de hidrogênio no Brasil, visto que os custos de energia constituem a maior parte do custo de produção apenas na rota via eletrólise. Nas rotas via reforma do biogás, biometano e etanol, esses custos são significativamente reduzidos.
Dada a vasta economia agropecuária do Brasil, destaca-se a importância de considerar essa dimensão na produção de hidrogênio. Outro ponto relevante é que o hidrogênio renovável não deve se limitar ao Setor Elétrico Brasileiro (SEB), devido às amplas possibilidades de uso em fertilizantes, aço, cimento e outros produtos.
De que forma esse mercado poderá ser estratégico
Empresas que investirem nesse setor podem se beneficiar de incentivos tributários, como gerador de energia limpa na produção do H2, previstos em lei.
Além disso, o hidrogênio renovável abre perspectivas sob vários enfoques:
- Os produtores são naturalmente consumidores de energia limpa, podendo se tornar compradores estratégicos de energia elétrica
- A produção de H2R pode fomentar novas usinas, devido aos incentivos às fontes limpas ou mesmo como financiador em PPAs
- Outras possibilidades incluem o uso do H2R como combustível, tanto na geração de energia elétrica quanto em frotas de veículos futuramente
SOBRE O AUTOR

André Mansur Rocco é mestre em engenharia elétrica pela UFPR; atua na Ludfor na área comercial de Gestão de Energia para empresas; é perito judicial e extra judicial e dono do canal Power Traders do Brasil.