BESS – Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias

Você sabia que as baterias de grande capacidade estão se tornando o “coração” do novo sistema elétrico mundial?

Esses sistemas, conhecidos como BESS (Battery Energy Storage Systems), permitem armazenar energia elétrica e liberá-la quando for mais necessária — um passo essencial para a transição energética e o uso eficiente das fontes renováveis.

BESS Residencial e Comercial

Os sistemas residenciais e comerciais são voltados para casas, condomínios, comércios e pequenas empresas.

Em geral, utilizam baterias de íon-lítio (semelhantes às usadas em carros elétricos), conectadas a painéis solares e inversores.

Com eles, é possível:

• Armazenar o excedente da geração solar durante o dia e usar à noite;
• Evitar apagões, mantendo equipamentos essenciais ligados em caso de falta de energia;
• Reduzir a conta de luz, aproveitando tarifas mais baixas e diminuindo a dependência da distribuidora;
• Aumentar a autonomia energética, especialmente em locais com instabilidade na rede.

No Brasil, o uso de BESS residenciais ainda é pequeno, mas cresce rapidamente entre quem já possui sistemas solares e busca independência energética.

Nos Estados Unidos, Europa e Austrália, milhões de residências já contam com baterias domésticas integradas aos sistemas fotovoltaicos.

BESS em Grandes Projetos

Os sistemas de grande porte são instalados em usinas solares, eólicas ou subestações elétricas.

Esses projetos podem alcançar centenas de megawatts (MW) e são compostos por contêineres de baterias de alta densidade energética, gerenciadas por sistemas digitais avançados.

Esses sistemas permitem:

• Equilibrar a rede elétrica, fornecendo energia em momentos de pico de demanda;
• Reduzir o curtailment, ou seja, o desperdício de energia renovável não aproveitada;
• Substituir usinas térmicas caras e poluentes, atuando como “reserva rápida” do sistema;
• Estabilizar a frequência e a tensão da rede, garantindo qualidade e confiabilidade.

China, Estados Unidos e Austrália já possuem centenas de gigawatts (GW) de capacidade instalada em BESS de grande porte.

No Brasil, os primeiros projetos-piloto começaram a ser implementados em estados como Bahia, Ceará, Pernambuco e Minas Gerais, liderados por EPE, ANEEL e ONS.

O Brasil está preparado?

O país possui grande potencial para o avanço dos sistemas de armazenamento de energia, porque:

• Mais de 90% da matriz elétrica já vem de fontes renováveis;
• A geração solar e eólica cresce acima de 15% ao ano;
• Há períodos de excesso de geração nas regiões Norte e Nordeste;
• O setor elétrico começa a reconhecer o valor do armazenamento como serviço essencial.

Por outro lado, ainda existem barreiras e desafios:

• Custo elevado das baterias, embora venha caindo rapidamente;
• Ausência de regulação plena sobre remuneração e uso sistêmico do armazenamento;
• Falta de incentivos fiscais e linhas de crédito específicas;
• Limitações na cadeia nacional de suprimentos e fabricação de baterias;
• Necessidade de padronização técnica e de normas de segurança.

Principais Normas e Resoluções sobre BESS no Brasil

O tema armazenamento de energia vem ganhando espaço regulatório nos últimos anos.

As principais normas e referências são:

• Resolução Normativa ANEEL nº 954/2021 – Estabelece as diretrizes para o Projeto de P&D Estratégico sobre Armazenamento de Energia, que testa o uso de baterias no Sistema Interligado Nacional (SIN).
• Despacho ANEEL nº 3.095/2021 – Autoriza a implantação dos primeiros projetos-piloto de BESS no Brasil, em parceria com distribuidoras e universidades.
• Resolução Normativa ANEEL nº 1.000/2021 – Consolida as regras gerais de fornecimento de energia elétrica, reconhecendo o armazenamento como instalação associada à geração distribuída.
• Resolução Normativa ANEEL nº 1.039/2022 – Inclui o conceito de armazenamento de energia elétrica como parte das instalações do consumidor-gerador.
• Portaria MME nº 563/2023 – Institui o Grupo de Trabalho de Armazenamento de Energia (GT-Armazenamento), com foco em diretrizes para inserção do BESS na matriz elétrica.
• Nota Técnica EPE 035/2023 – Apresenta o Plano Nacional de Armazenamento de Energia (PNAE), com projeções de inserção de até 10 GW de BESS até 2032.

Essas normas ainda estão em construção, mas representam um marco inicial importante para o desenvolvimento do setor no país.

Conclusão

O BESS é a peça que faltava para consolidar a transição energética: ele une geração renovável, consumo inteligente e segurança elétrica.

Nos próximos anos, o armazenamento será tão comum quanto as placas solares que vemos hoje em telhados e usinas.

O Brasil está no início dessa jornada — com potencial gigantesco, mas que exigirá planejamento regulatório, incentivos e capacitação técnica.

O futuro da energia será limpo, descentralizado e flexível, e o BESS será o protagonista dessa nova era.